"Os químicos são uma estranha classe de mortais, impelidos por um impulso quase insano a procurar seus prazeres em meio a fumaça e vapor, fuligem e chamas, venenos e pobreza, e no entanto, entre todos esses males, tenho a impressão de viver tão agradavelmente que preferiria morrer a trocar de lugar com algum rei." Johann Joachim Becher
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sábado, 20 de abril de 2013
Curiosidade sobre Radioatividade IV
Como é determinada a idade de um fóssil?
O método usado é chamado de datação radioativa, se baseia no fenômeno da radioatividade e foi descoberto no final do século XIX. A radioatividade faz os átomos perderem partículas (prótons ou nêutrons) na forma de radiação, causando variação no seu número de massa ou em seu número atômico. No caso de fósseis de seres vivos, costuma-se usar carbono 14 (com seis prótons e oito nêutrons) para fazer a datação. O carbono 14 emite radiação, perdendo dois nêutrons e se transformando em carbono 12. Em 5 730 anos, uma certa quantidade de carbono 14 ficará reduzida à metade, sendo a outra metade transformada em carbono 12. Por isso, esse tempo é chamado de meia-vida. A meia-vida do carbono 14 é tão curta que ele apenas pode ser usado para medir restos de organismos que viveram até 70 000 anos atrás. Para organismos mais antigos usa-se o mesmo processo - mas torna-se necessário recorrer a outro elemento radioativo, de meia-vida mais longa, como referência.
Além do carbono 14, pode-se usar o potássio 40 - com meia-vida de 1,25 bilhão de anos - ou o urânio 238 - com 4,47 bilhões de anos -, além de muitos outros elementos radioativos. Para medir, nos fósseis, a quantidade desses elementos e dos que eles originam por radiação, os cientistas utilizam um aparelho chamado espectrômetro de massa, que permite descobrir a massa atômica dos elementos químicos presentes. Essa técnica, porém, não deverá funcionar corretamente no futuro, dentro de alguns milhões de anos - isso porque, a partir da década de 1940, a explosão de bombas atômicas, a realização de testes nucleares e os acidentes em usinas atômicas causaram modificações na radioatividade do planeta que farão esse método de datação perder sua referência-base.
Gostou do lagartão? Ele é uma reconstituição em resina do dinossauro Santanaraptor placidus - que teria vivido no Ceará há 110 milhões de anos -, feita a partir dos fósseis abaixo
Elemento-chaveA variação na massa atômica do carbono permite calcular a idade de organismos mortos há dezenas de milênios
1. Combinado com o oxigênio do ar, o carbono 14 radioativo forma gás carbônico
2. O carbono 14 - assim como o carbono 12 - é absorvido pelas plantas por meio da fotossíntese
3. Os animais se alimentam das plantas, fazendo o carbono 14 entrar na cadeia alimentar
4. A proporção de carbono 12 e 14 nos seres vivos permanece constante durante toda sua vida
5. Após a morte, porém, essa proporção começa a ser alterada pela radioatividade
6. A cada 5 730 anos, metade do carbono 14 presente nos restos mortais vira carbono 12. Esse período de tempo - chamado de meia-vida - serve de referência para determinar a idade do fóssill
7. Depois de descobertos, os fósseis têm de ser levados a um laboratório, onde as massas de carbono 12 e 14 podem ser identificadas com precisão e usadas no cálculo final
8. O aparelho que detecta a massa atômica exata de cada elemento químico encontrado no fóssil é o espectrômetro de massa. Com esses números na mão, fica fácil calcular a idade
FONTE: Revista Mundo Estranho
Curiosidade sobe Radioatividade III
Qual é o destino do lixo nuclear produzido no mundo?
Cada tipo de resíduo nuclear tem um destino. "Depende do grau de radioatividade e dos materiais de que ele é composto", diz o engenheiro Alfredo Tranjan Filho, diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão governamental criado para fiscalizar o uso de material radioativo. O lixo nuclear - ou "rejeito radioativo" - é classificado em três tipos: os de alta, média e baixa radioatividade. Entre uma gradação e outra, a radiação aumenta cerca de mil vezes. Os rejeitos de nível baixo e médio são guardados em depósitos provisórios ou permanentes. No Brasil, há depósitos provisórios em centros de pesquisa nuclear no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais - o único depósito permanente fica em Goiás. O grande problema está mesmo no lixo de alta radioatividade, como restos do combustível nuclear que move as usinas. De tão perigosas, essas pastilhas gastas de urânio vão sendo empilhadas em uma piscina de resfriamento ao lado do reator onde são usadas.
Tanto a piscina quanto o reator são cercados por várias barreiras de aço, chumbo e concreto. A piscina da usina de Angra II, por exemplo, tem capacidade para armazenar lixo por mais de 40 anos, o mesmo tempo de vida útil do reator. E o que acontece depois? "Por incrível que pareça, no mundo inteiro ainda não se chegou a uma resposta definitiva", afirma a física Emico Okuno, da USP. Em um passado recente, alguns países jogaram rejeitos no mar e em minas de sal abandonadas. Hoje, devido à maior consciência ambiental, essas opções foram descartadas. "Por mais que se diga o contrário, é impossível garantir 100% de segurança para esses materiais. A única solução seria parar de usar energia nuclear", diz Reinaldo Canto, diretor de comunicação no Brasil do Greenpeace, principal organização mundial de defesa do meio ambiente.
Temível armazenamento
Os rejeitos mais perigosos são guardados em piscinas especiais
Lixo de baixa radioatividade
Produtos Tudo que entra em contato com material radioativo, como ferramentas, luvas, roupas de proteção de operários e material de laboratório
Destino Latas sem blindagem especial, guardadas em depósitos temporários, perto de onde o lixo é produzido. Depois, elas podem seguir para depósitos subterrâneos
Lixo de média radioatividade
Produtos Recipientes usados de combustível nuclear, peças de reator e rejeitos químicos dos processos de mineração e enriquecimento de urânio
Destino Em geral, é guardado nos mesmos locais que o lixo de baixa radiação, mas com uma grande diferença: esse tipo de rejeito fica dentro de tonéis blindados de concreto
Lixo de alta radioatividade
Produtos Pastilhas gastas de urânio, usadas como combustível de reatores, e rejeitos líquidos oriundos da extração de plutônio para fabricação de bombas nucleares
Destino É guardado em piscinas protegidas junto aos próprios reatores das usinas, ou em depósitos provisórios.
FONTE: Mundo Estranho
Curiosidade sobre Radioatividade II
Qual foi o maior acidente nuclear da história?
O maior acidente nuclear aconteceu na usina Chernobyl, construída na cidade de Pripyat, na Ucrânia. No dia 26 de abril de 1986, técnicos tentaram fazer um teste na usina e acabaram provocando uma reação em cadeia que terminou com a explosão do reator nuclear. Até hoje não se sabe ao certo se o problema foi causado por erro humano, por uma falha de projeto do reator ou pela soma das duas coisas. Na época, a Ucrânia fazia parte da União Soviética, que tinha um governo fechado para o resto do mundo, o que dificultou a divulgação de mais detalhes sobre o acidente. Mas a dimensão da tragédia foi tão grande que estações de monitoramento na Suécia e na Finlândia captaram níveis anormais de radioatividade no ar e deram o alerta mundial. Estima-se que 30 pessoas tenham morrido nos primeiros meses após a explosão e outras milhares foram expostas a níveis de radiação capazes de matar a longo prazo por causa de doenças como o câncer.
TESTE TRÁGICO Núcleo do reator parou de ser resfriado durante troca da rede de energia da usina
1. O problema em Chernobyl começou durante um teste de rotina, em que técnicos queriam simular um apagão na rede elétrica principal da usina e o acionamento de uma rede de energia de emergência, movida a óleo diesel
2. Por falha no projeto ou por erro humano, o sistema de resfriamento do núcleo do reator - onde acontecem as fissões atômicas - parou de funcionar quando a rede elétrica foi desligada. Isso gerou um
superaquecimento do núcleo, que atingiu temperaturas acima dos 2 000 ºC!
3. O calor absurdo gerou uma explosão de vapor tão violenta que destruiu o teto do reator - que pesava mais de mil toneladas! O incêndio após a explosão lançou grandes quantidades de material radioativo do núcleo na atmosfera. A tragédia estava feita...MEDIDAS DESESPERADAS Bombeiros ficaram expostos a uma radiação até 200 vezes maior que o nível letal!
1. Após a usina explodir, o corpo de bombeiros de Pripyat, cidade onde fica Chernobyl, foi acionado. Os
bombeiros chegaram à usina sem o preparo adequado para enfrentar a situação e acabaram expostos a doses de radiação da ordem de 200 roentgen por hora - uma dose de 500 roentgen em 5 horas é letal
2. A população de Pripyat foi avisada de que precisava deixar a área em três dias. Para reduzir as bagagens e aumentar a velocidade da evacuação da cidade, as autoridades informaram que a retirada seria temporária. Por isso até hoje estão em Pripyat pertences pessoais dos habitantes
3. Após dias sem o fogo na usina ser controlado, entraram em ação helicópteros para conter a radiação. Eles despejaram no reator grandes quantidades de chumbo, areia e outros materiais químicos para bloquear a saída da radiação. Só com os helicópteros o incêndio foi apagado
4. A última medida emergencial foi a remoção dos escombros radioativos. Após eles serem retirados do centro do reator destruído, um casulo protetor, feito de concreto, foi construído para isolar o reator do ambiente. O casulo recebeu o apropriado nome de "sarcófago"...
ESTRAGO CONTINENTAL Confira o impacto provocado pela radiação de Chernobyl em várias regiões da Europa
1. PRIPYAT E VIZINHANÇA
Área de contaminação extrema. A falta de informações liberadas pela ex-União Soviética dificultam as estimativas, mas especialistas acreditam que milhares de moradores desta região tenham morrido nos anos seguintes ao acidente
2. RAIO DE 400 KM
Em níveis variados, a radiação contaminou lagos, rios, reservatórios e afetou a reprodução de animais. Entre os residentes de outras regiões da Ucrânia, de Belarus e da Rússia foram reportados muitos casos de câncer de tireóide em crianças
3. RAIO DE 800 KM
Os ventos nos primeiros dias levaram a nuvem radioativa mais para o norte. Nesta distância, a contaminação começou a perder força, mas ainda foram atingidos rebanhos de gado - que tiveram queda na produção de leite - e plantações de grãos
4. RAIO DE 1 200 KM
Regiões de exposição mínima, mas onde foi detectado algum nível de radioatividade no ar. Eventuais efeitos de uma contaminação são difíceis de ser medidos, porque o nível de radioatividade atingido raramente afeta o ser humano e o meio ambiente
FONTE: Revista Mundo Estranho
Curiosidade sobre Radioatividade I
Onde é guardado o lixo nuclear das usinas brasileiras?
Dentro da própria usina ou em depósitos na vizinhança, dependendo do nível de radioatividade. Todo rejeito radioativo é classificado de acordo com a atividade e a duração de seus isótopos radioativos. Depois de um tempo de uso - geralmente um ano - o combustível "vence" e precisa ser trocado. Esse rejeito de alta atividade (RAA) é o mais perigoso, mas pode ser reciclado. Já os outros tipos de lixo são os rejeitos de média e baixa intensidade, que são produzidos pelo contato direto ou indireto de equipamentos, ferramentas e roupas de proteção com o combustível da usina. Atualmente, eles são guardados em depósitos temporários na própria usina ou no Centro de Gerenciamento de Rejeitos, em Angra dos Reis (RJ). Mas uma das exigências feitas para a construção de Angra 3 foi exatamente a criação de um depósito geológico, para o armazenamento do lixo radioativo até cem anos. Esse depósito guardará não só o lixo das usinas mas também rejeitos nucleares de hospitais e indústrias do país.
COLETA SELETIVA
O destino dos rejeitos varia de acordo com a intensidade e a duração da radioatividade
1) No reator das usinas nucleares, existem cilindros cheios de pastilhas de urânio enriquecido, que funcionam como combustível para gerar energia. A cada ano, um terço desse combustível "vence" e precisa ser trocado. Esse material é o rejeito de alta atividade (RAA), que tem alto potencial de contaminação
2) O RAA não presta como combustível, mas ainda emitirá radiação e calor por séculos. Por isso, é guardado dentro da própria usina, em uma piscina especial, feita para resfriá-lo e conter a radiação perigosa. Quando as usinas de Angra forem desativadas, esse material irá para um depósito geológico
3) Equipamentos da usina que têm contato direto com o RAA são contaminados e se tornam rejeitos de média atividade (RMA). Cerca de mil vezes menos radioativo que o RAA, esse lixo é solidificado em concreto dentro de barris metálicos
4) O que tem contato indireto com o RAA, como as roupas de proteção dos funcionários, ganha um nível de contaminação baixo, cerca de mil vezes menor que o RMA. Esse resíduo de baixa atividade (RBA) pode ser lavado para reúso, mas depois de algumas lavagens também vai para os barris
5) Selados, os barris são guardados na usina e depois levados para um dos quatro depósitos intermediários de Itaorna, a 2 quilômetros dali. Eles são vedados com concreto e resinas isolantes para garantir nível zero de radiação mesmo no pátio externo do depósito
6) Por fim, os rejeitos radioativos seguem para depósitos geológicos de longa duração, que podem armazenar também o lixo vitrificado produzido no reprocessamento de combustível (ver quadro Reciclagem radioativa). Hoje, o Brasil pesquisa o melhor local para a construção de um depósito geológico, que deverá receber o rejeito das usinas de Angra a partir de 2012
RECICLAGEM RADIOATIVA
Veja como o combustível nuclear pode ser reprocessado para reaproveitar o rejeito inicial dos reatores
TUDO SE APROVEITA
O urânio usado no reator pode ser reciclado com algumas tecnologias. A mais usada é a que o mistura com ácido nítrico, numa reação que fornece três produtos: urânio mesmo, plutônio e um material altamente radioativo.
SEGUNDA MÃO
Apenas 1% do produto da reação é o isótopo de urânio pronto para ser reaproveitado. Outros 95% ainda precisam ser enriquecidos para ser reutilizados. O urânio reciclado é mais caro que o natural, mas é mais ecológico e reduz o volume de lixo produzido
LIXO SEM REMÉDIO
Cerca de 3% do produto da reciclagem é um rejeito inútil e altamente radioativo. Esse lixo é solidificado em uma mistura com vidro especial e colocado em cilindros de aço para armazenagem em depósitos geológicos especiais
PLUTÔNIO FLEX
O plutônio obtido na reciclagem pode ser misturado com urânio para formar o MOX, um outro tipo de combustível nuclear que pode ser usado nas mesmas usinas movidas a urânio. Mas esse material é bastante perigoso, porque, se cair em mãos erradas, o plutônio pode ser extraído para a fabricação de bombas nucleares
DE VOLTA PRA CASA
Só há três unidades capazes de reciclar combustível radioativo no mundo, que, após a reciclagem, devolvem ao país de origem a parte boa e o lixo. Por motivo de segurança, o transporte é feito em navios parecidos com petroleiros, com forte esquema de segurança.
FONTE: Revista Mundo Estranho
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