Poliuretano, um dos vilões do incêndio em Santa Maria
Material usado para fazer o isolamento acústico de boates como a Kiss pega fogo rapidamente e emite substâncias tóxicas
Juliana Santos e Jean-Philip
Struck
Poliuretano: tipo de plástico usado para isolamento
acústico, já foi substituído por outras substâncias não-combustíveis
fora do Brasil
(Thinkstock)
"O calor em um lugar com isolamento dessa natureza se concentra no ambiente, em vez de se dissipar", diz Ricardo Bentini, pesquisador do Laboratório de Biomateriais Poliméricos do Instituto de Química da USP. "O calor e as chamas aumentam de forma muito mais rápida do que aconteceria em um lugar que não tivesse esse revestimento." Associada ao alastramento das chamas vem a emissão de fumaça e gases — em geral a principal responsável pelas mortes em incêndios. O aumento da temperatura acelera a decomposição de outros materiais presentes no ambiente — como móveis e portas — e intensifica ainda mais a liberação de substâncias tóxicas como o monóxido de carbono e gás cianídrico.
Nos Estados Unidos, o poliuretano foi banido do revestimento de casas noturnas desde 2003, quando um incêndio em uma boate deixou 100 mortos. Segundo Marlise Vasconcelos, presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança, um substituto para o poliuretano é a lã de rocha. "No Brasil, os prédios mais modernos tem 'paredes sanduíches', feitas de gesso e com lã de rocha por dentro." Com ponto de combustão a partir de 800 graus Celsius — contra 140 graus Celsius, ou menos, para o poliuretano sem tratamento — a lã de rocha retardaria a propagação do fogo, salvando vidas.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/poliuretano-um-dos-viloes-do-incendio-em-santa-maria (ADAPTADO)
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